Narrativa de Ir. Robério Ramos

Nas escolas, comemoram-se os momentos fortes previstos pelo calendário escolar.
Setembro é a mês da Bíblia ,onde se lê a palavra de Deus.
Tais momentos eram vividos intensamente sob a batuta do Padre Moura, então encarregado da pastoral (o que muitos diziam “pastoril”) do colégio.
Encenações, certames, cartazes, cantos, tudo dava um tom especial alegre, numa vivência que só os moços sabem aprontar.

O padre Moura quis dar uma tonalidade especial ao acontecimento, com uma representação, ao vivo, com um grupinho da 4ª série primária. O cobrador de impostos, na época de Jesus Cristo, ZAQUEU, viria à baila.

Um trabalhão para fazer a turminha ensaiar certinho. Mas, depois de muito ensaio, a peça estava “pronta”. No dia aprazado, Moura foi para o último ensaio com os artistas.
Uma árvore bem frondosa, no fim do pátio, já pelas bandas da rua Santa Cecília era o lugar certo para que Zaqueu, o cobrador de impostos subisse e ficasse aguardando a passagem de Jesus com os seus apóstolos.

Pelo relato bíblico, Zaqueu era baixinho e dificilmente  poderia ver Jesus entre a multidão. Usou então o expediente de subir numa árvore próxima onde Jesus deveria passar.
No último instante, o Padre Moura falou para o herói: – Olhe, quando Jesus passar por aqui, ele olhará para cima, e dirá para você: “Zaqueu, desce daí, hoje vou almoçar com você”. O resto você já sabe…

O pátio já estava com bastante curiosos para o espetáculo. As personagens, por sua vez, estavam vestidas de acordo com o figurino. Nem Nova Jerusalém, com todo o seu encanto, chegava aos pés dos artistas do colégio. Tudo pronto, começa a caminhada de Jesus com os discípulos e povo que seguia o filho de Deus. Acontece, porém, que Jesus passou bem por baixo do Zaqueu equilibrado e, se distraiu em conversas com os apóstolos. Pobre Zaqueu, suava às bicas esperando que Jesus “cumprisse” com o encenado. Por intuição própria, Zaqueu não se fez esperar.

– Ei, Jesus, psiu, psiu, eu estou aqui… E Jesus olhou pra cima e pra trás, deu “marcha-a-ré” e entrou com o diálogo ensaiado… A mim me parece que o padre Moura desconhecia a “verdadeira” passagem de Jesus sobre o pagador de impostos da Bíblia…