CAUSOS SALESIANOS | OS DESFILES DE 7 DE SETEMBRO EM JUAZEIRO DO NORTE

CAUSOS SALESIANOS | OS DESFILES DE 7 DE SETEMBRO EM JUAZEIRO DO NORTE
5 de julho de 2021 Por pauloNarração de Seu Robério Ramos
No primeiro ano que cheguei, às vésperas do desfile pátrio, participei de uma reunião com, prefeito e seu secretariado, representantes dos colégios e escolas das redes particular e pública para a programação do dia 7 de setembro. O colégio salesiano era sempre o último a desfilar sob o sol causticante e bem brasileiro do meio-dia. Um martírio para as crianças. Começada a reunião eu sugeri, melhor dizendo, fiz uma observação ao Sr. prefeito para que, em virtude do colégio ser o último a desfilar, que naquele ano abrisse o desfile. O prefeito graciosamente me respondeu que no caso seria a abertura e, ao mesmo tempo, a “fechadura” do evento porque os espectadores se dispersariam logo que passasse o colégio porque nada mais teria graça… Sem dúvida, um santo exagero do prefeito. De fato, dava gosto ao povo o garbo, a disciplina, as categorias perfeitas para um grande espetáculo público preparadas artisticamente por “seu” Luiz. Criativo, sabia arrumar os carros alegóricos especialmente quando os mesmos representavam fatos históricos da nossa brasilidade e que empolgavam a tantos quantos se faziam presentes, mesmo sob o sol das doze ou uma hora da tarde.
Naquele ano, seu Luiz caprichou numa alegoria alusiva à figura de Tiradentes. Sob o patíbulo da forca, o Tiradentes da ocasião bem caracterizado, de vez em quando se contorcia um pouco por causa do grosso nó da corda amarrada no pescoço. A fisionomia, a veste, tudo era perfeito. Parecia até que a qualquer momento a execução seria consumada em plena praça pública. Ao lado do condenado, um frade representava aquele que consolava com “palavras eternas” o ilustre condenado. Mal sabia o fradeco (e poucos notaram) que ele segurava e “lia” a bíblia de cabeça para baixo… Alguns notaram porque a capa do livro sagrado, em letra garrafais, estava mesmo de cabeça para baixo. Mas, assim que passou pela frente do palanque oficial onde a alegoria recebia calorosos aplausos, a uns dois ou três metros, o caminhão parou. O desfile também parou. Seu Luiz correu para o motorista, esbravejando, mandando que passasse logo.
O pobre motorista, suando às bicas, simplesmente disse para o professor Luiz: – Não adianta, professor, faltou gasolina… Eu não queria estar na pele do pobre motorista naquele momento, quando uma ladainha de impropérios de todas as espécies era dirigida ao pobre chofer… Para que o ilustre leitor possa entender o acontecido, naquele ano estava em voga o racionamento da gasolina de maneira que os carros só poderiam receber o precioso líquido até sexta-feira à tarde. O motorista depois de ter usado o veículo durante a semana esquecera de encher o tanque para o desfile. Foi o fim… Pobre do Tiradentes… Suava feito bico de chaleira não sei se frio, de calor ou de medo pelo que poderia vir a acontecer. E aconteceu mesmo. Seu Luiz, fulo de raiva, gritou para o pobre herói: – Desce, desce daí, filho de uma quenga! … Não vê que o desfile acabou pra você? Vamos, desce, desce logo. E o pobre herói, tremendo, a muito custo conseguiu desvencilhar-se do forte nó da corda que já começara a fazer calos…