Para abordar o assunto central – a missão educativa e formativa dos Salesianos no cenário global – o P. Attard referiu-se ao Fundador, Dom Bosco – um jovem oriundo de uma família carente, que nutria um intenso desejo de estudar, tendo logrado tal objetivo apenas na adolescência, ao sustentar seus próprios estudos e exercer atividades laborais noturnas, longe de sua casa, na cidade de Chieri – . “Sua vida foi marcada por sacrifícios em nome do valor da educação”, observou o Reitor-Mor.

Ele destacou ainda um aspecto particular: diferentemente da dinâmica comum de quem supera a pobreza e depois prefere distanciar-se dela, Dom Bosco decidiu dedicar sua vida aos jovens que, como ele, corriam o risco de ficar sem acesso à instrução/educação; e por isso mudou-se para ‘a Turim do século XIX’, em pleno desenvolvimento industrial.

Aos muitos jovens sozinhos, que, assim como ele, deixavam a vida no campo em busca de melhores oportunidades, “Dom Bosco fazia gradualmente uma proposta ‘integral’”, que responde à “necessidade humana de encontrar-se, sentir-se acompanhado, querido, dentro de uma experiência que abre para a dimensão educativa e também espiritual”.

Hoje, entretanto, a realidade de muitos contextos é mui diferente da vivida por Dom Bosco, e os Salesianos se atualizaram. “O carisma de Dom Bosco não se constrói em torno de coisas a fazer, mas de atitudes a privilegiar: a escuta dos jovens e a proximidade a eles. E se existe um momento histórico em que prevalecem solidão, abandono e a falta de modelos adultos significativos, é justamente aquele que vivemos hoje!” – disse ainda o XI Sucessor de Dom Bosco.
“Não replicamos o trabalho de Dom Bosco – acresceneou o P. Attard – . Ao contrário, acolhemos o espírito de sair ao encontro dos jovens e de oferecer-lhes espaços humanos de contato, diferentes na forma, mas idênticos no coração de busca dos jovens de hoje”.

Ao comentar as palavras do Papa Leão XIV sobre educação, pronunciadas poucos dias antes durante a Missa com os Estudantes das Universidades Pontifícias (27 de outubro de 2025, na abertura do Jubileu do Mundo Educativo), o Reitor-Mor disse que, em essência, o Carisma Educativo Salesiano reside “em encontrar a pessoa que sozinha não consegue se levantar, aproximar-se dela, interessar-se por ela, olhar-lhe nos olhos para descobrir até onde ela pode e deve chegar”.
A realidade atual do mundo ocidental – e, mais amplamente, das sociedades marcadas pelo progresso – é altamente tecnológica, mas muitas vezes carente do ponto de vista relacional. Diante disso, o Reitor-Mor sublinhou a importância da presença e atuação de pessoas que se tornem “mendigos do outro que procura e precisa ser ajudado”.

“Numa cultura como a nossa, parece que os jovens estão distantes; mas não sei quem esteja distante de quem: se os jovens distantes de nós ou nós longe deles – disse ainda o P. Attard – . Uma coisa, entretanto, é certa: os jovens estão buscando…, e cabe a nós – adultos – reconhecer essa busca, interpretá-la e colocar-nos como seus servidores, iniciando um relacionamento”.
A fala do P. Alejandro León, de Buenos Aires, recordou a dimensão internacional da missão salesiana e destacou tanto o Sesquicentenário da Primeira Expedição Missionária Salesiana quanto as periferias geográficas e humanas onde os Filhos de Dom Bosco continuam a atuar hoje.

Na parte final do programa, o XI Sucessor de Dom Bosco falou sobre os novos desafios que aguardam os Salesianos e, mais uma vez, partiu dos fundamentos da missão para avaliar o presente e o futuro. Ele ressaltou a centralidade da Consagração Religiosa: “Somos educadores e pastores porque somos Consagrados: a vida comunitária não é algo funcional, mas uma experiência contagiosa, que prolonga a de Dom Bosco (….) Por isso, a dimensão da Consagração nos impulsiona ainda mais à doação total, na fraternidade universal e no acompanhamento dos jovens em sua busca de sentido… E nosso testemunho a comunica antes mesmo de falar”.

Por fim, referindo-se aos principais desafios para a Congregação indicados pelo Capítulo Geral 29, o P. Attard sublinhou o do aprofundamento da identidade salesiana e o da necessidade de que, no centro dos processos pastorais, não esteja a função “mas – e sempre – a Pessoa”.

O episódio completo de “Chiesa Viva” dedicado aos Salesianos – com a participação do Reitor-Mor – está disponível aqui.

Fonte: ANS