RECIFE-Bongi | Oitavo Aniversário da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, de San Martin
RECIFE-Bongi | Oitavo Aniversário da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, de San Martin
PARÓQUIAS E SANTUÁRIOS 1 de dezembro de 2022 Por pauloNa última terça-feira, 29 de novembro, as quatro Comunidades que compõem a Paróquia Nossa Senhora de Fátima, sedeada em San Martin – Recife, renderam Graças a Deus pelo oitavo aniversário da sua Ereção Canônica. A Missa Solene foi presidida pelo Pároco Padre Cleyton Coutinho, sdb, concelebrada pelo Padre Francisco, omi e pelo Diácono Henrique. Alegria e gratidão marcaram o início da celebração com uma procissão repleta de representatividade. Cada grupo, movimento, pastoral e comunidades religiosas da Paróquia se fizeram presentes – sinal de unidade.
Padre Cleyton saudou o povo, e após, Paula Francinnett Alves (Paulinha), leu uma síntese histórica do bairro sede e circunvizinhos. Tal resgate se fez necessário, uma vez que, não havia nenhum trabalho de pesquisa documental e escuta de relatos orais dos antigos paroquianos sobre a origem da comunidade de Nossa Senhora de Fátima. Assim, Paula e Valdemir França, a pedido do Pároco, redigiram o texto que será disponibilizado na íntegra para a apreciação de todos.
UMA IGREJA ERGUIDA PELO POVO
O oitavo aniversário da nossa paróquia pode transmitir, para quem não conhece nossa história, a ideia de uma comunidade jovem, pequena que ainda busca pela consolidação, mas o povo de Deus que testemunha nossa vivência em comunidade passa de pai para filho, relatos importantes das nossas origens que são bem mais longínquas do que os desavisados podem imaginar.
As nossas origens remontam ao final do século XIX, época em que ainda havia, nos fundos das terras do modesto engenho Mocotó, hoje bairro da Mustardinha, grandes áreas cobertas de mata atlântica e manguezais. Nestas áreas surgiram, pouco a pouco, pequenos sítios, provavelmente criados por trabalhadores do engenho ou ex-escravizados, já que estamos falando do período em que foi assinada a lei Áurea, 1888. Destas propriedades, temos registros do “Sítio do Souza”, “do Paiva” e da “Boa Ideia” que recebeu o mesmo nome de uma belíssima lagoa existente no local, hoje servindo, infelizmente, de depósito de esgotos e lixo.
A área do bairro faz divisa com outras importantes comunidades do entorno: Mangueira, Mustardinha, Jardim São Paulo, Torrões e Jiquiá que abrigou no início do século XX o campo do Jiquiá, local onde foi erguida a torre de atracação dos Zepelins que faziam a rota Recife Frankfurt, Alemanha. Hoje, este patrimônio da nossa história, infelizmente, encontra-se abandonado.
Quando falamos do nosso, talvez, mais importante vizinho, o Bairro do Bongi, percebemos que nossa história enquanto comunidade se confundem. É que foi de lá, por força da obra Salesiana, que a presença evangelizadora, sobretudo da juventude, rompeu com o isolamento da nossa comunidade. Surgia a Paróquia São João Bosco, cuja Ereção Canônica se deu em 24 de dezembro de 1967.
Como parte da consolidação da obra Salesiana, surgiu a Escola Dom Bosco de Artes e Ofícios, Instituto Salesiano de Filosofia (INSAF) e Escola Dom Bosco, depois entregue ao governo do Estado. Este período coincidiu com a ocupação dos lotes da porção norte do nosso bairro que foi acelerada pela chegada do Regimento Dias Cardoso, instalação do complexo da Chesf, construção do 1º Grupo Escolar San Martin, atual Escola General San Martin, e pavimentação da avenida que deu nome ao Bairro.
Dois grupos populacionais extremamente carentes, provavelmente, desalojados com a pavimentação das avenidas Recife e Abdias de Carvalho, fizeram surgir as comunidades do Vietnã, denominação que se refere à Guerra do Vietnã, e comunidade do Caxito.
O crescimento da comunidade demandava, há décadas, a construção de uma igreja para Celebrações Eucarísticas e atividades pastorais para o povo, carente por vivencias espirituais. Foi exatamente da união desta gente que foi erguida o embrião do que hoje é a nossa paróquia, uma capelinha dedicada a Nossa Senhora de Fátima. A pequena capela, erguida na década de 1960, foi inaugurada em celebração presidida pelo vigário do bairro de Jardim São Paulo, Padre Inácio.
Como crescimento natural da obra Salesiana, presente no bairro do Bongi, temos a incorporação da Capela Nossa Senhora de Fátima à área da Paróquia São João Bosco. A incorporação foi encabeçada pelo padre Josef Sianko e a comunidade, mais uma vez, se mobilizou em campanhas para arrecadação de materiais de construção, o povo doava o que podia. Portanto, no lugar onde existia a capela, foi erguida a Igreja, Nossa Senhora de Fátima, entre os anos de 1974 e 1977. Desta forma, este espaço que celebramos hoje, é fruto da doação dos nossos antepassados que com seu sacrifício custearam a construção deste templo do Senhor.
Décadas após a incorporação da igreja Nossa Senhora de Fátima , a área pastoral da Paróquia São João Bosco, o crescimento demográfico e urbano local mostrou, pouco a pouco, a necessidade de mudanças.
O crescimento urbano do Bongi se deu por trás da Igreja que, erguida de frente para avenida Abdias de Carvalho, foi cercada pelos Correios e Fundac, hoje Funase. O acesso das pessoas a tradicional Igreja, até hoje, é um desafio a ser enfrentado de modo que muito se tem feito para evitar o esvaziamento das atividades pastorais. Por outro lado, a igreja Nossa Senhora de Fátima, geograficamente localizada no centro da comunidade, cresceu junto com o bairro, pois, novamente, por esforços dos paroquianos e encabeçada pelo Padre Francisco Cibin, foi reformada e ampliada em 2004 e reinaugurada em 2005 pelo então Arcebispo de Olinda e Recife, Dom José Cardoso Sobrinho.
Desta inegável realidade, duas hipóteses se colocaram: desmembrar as áreas paroquiais ou transferir a sede para Nossa Senhora de Fátima. Ciente da situação e preocupado com o futuro da paróquia, o Padre Robson Barros, pároco da época, encabeçou o projeto de reestruturação pastoral e administrativa da paróquia, por meio da ampliação, articulação e requalificação dos espaços e pastorais, visando à melhoria da qualidade da vida religiosa dos atuais e futuros paroquianos. Assim, em 29 de novembro de 2014, Dom Fernando Saburido, Arcebispo de Olinda e Recife, oficializou a supressão da Paróquia São João Bosco no Bongi e ao mesmo tempo, decretou a criação da Paróquia Nossa Senhora de Fátima em San Martin. O documento de criação ainda nomeou o Padre Laércio Lima como primeiro paróco.
Toda essa história, portanto, além de muito nos orgulhar, se confunde com o surgimento dos primeiros grupos habitacionais do nosso entorno que se uniram para construir, com o sacrifício da doação, um templo que garantiu a presença cristã católica entre nós expandida, inclusive, em centros comunitários e duas capelas, Nossa Senhora da Conceição (Vietnã) e Nossa Senhora Aparecida (Novo Prado), além da histórica Igreja de São João Bosco.
Nossa gratidão a Deus por ter guiado tantos irmãos e irmãs que tornaram possível estarmos hoje aqui, dentre eles, lembramos: Padre José Sianko (sdb), Antonio Henrique Callou Filho, Júlia Campos Callou, João Oliveira Cabral, Binice Álvares Cabral (conhecida como Irmã Berenice), Antônio Egito Tavares, Maria Fernandes Tavares, esses nossos irmãos e irmãs foram homenageados no dia 22 de novembro de 2014, dias antes da nossa Igreja tornar-se Paróquia.
Nossa Senhora de Fátima, rogai por nós!
Recife, 29 de novembro de 2022
Por Paula Francinnett M. S. Alves e Valdemir de França Souza
Imagens: Marcos Paulo Mariano