PROFISSÃO PERPÉTUA | O DISCURSO DE AGRADECIMENTO DE LEANDRO

PROFISSÃO PERPÉTUA | O DISCURSO DE AGRADECIMENTO DE LEANDRO
ANIMAÇÃO DAS VOCAÇÕES APOSTÓLICAS 3 de fevereiro de 2022 Por pauloReverendíssimos P. Gabriel Romero, visitador, P. Inácio Vieira, inspetor, na sua pessoa cumprimento os demais inspetores: P. Justo Ernesto Piccinini, inspetor de São Paulo e Gilson Marcos da Silva, inspetor do Sul do Brasil, saúdo ainda o P. Pessinatti, ex-inspetor do Nordeste, queridos irmãos, P. Leoni e Ir. Toni, que testemunharam este importante passo na minha caminhada da fé, amigos, pais e mestres da fé, na sua pessoa cumprimento todos os salesianos desta minha querida inspetoria do Nordeste, meus pais, Sr. Antônio Francisco e Sra. Maria Das Dores, meus familiares, amigos, membros dos diversos grupos da Família Salesiana, a saber: Filhas de Maria Auxiliadora (FMA), Salesianos Cooperadores (SSCC), Ex-alunos de Dom Bosco (EEAA), Voluntárias de Dom Bosco (VCD), Irmãs Apóstolas da Sagrada Família (ASF), Irmãs da Caridade de Jesus (CSJ), Associação de Maria Auxiliadora (ADMA), Voluntários com Dom Bosco (CDB), Canção Nova (CN), Instituto Medianeiras da Paz (MP), demais religiosos (as), padres, formandos, estimados jovens, querido povo de Deus, graça e paz vos sejam concedidas abundantemente.
O artigo 23 das constituições salesianas sintetiza a beleza dessa celebração. “A profissão religiosa é um sinal do encontro de amor entre o Senhor que chama e o discípulo que responde, doando-se inteiramente a Ele e aos irmãos” (art. 23). O encontro com o Senhor, mais do que uma experiência intimista, vivida às portas fechadas, leva-nos a romper as barreiras do medo, da timidez, do isolamento em nós mesmos. Esta é fundamental para reconhecer, entre tantas vozes, aquela voz inconfundível, que enche de sentido a nossa vida de discípulos do Senhor. Neste sentido, é relevante que o rito de Profissão Perpétua se dê dentro da Eucaristia, pois o “culto cristão não é somente uma comemoração de eventos passados ou uma particular experiência mística, mas essencialmente o encontro com o Senhor ressuscitado”[1], como nos recordou o papa Bento XVI.
Ouvi algumas vezes, durante os encontros vocacionais entre os anos de 2010-2012, a história do cão e da lebre. O que diz essa história e como ela pode iluminar nossa reflexão? A história narra um cão que, ao ver uma lebre, corre-lhe ao seu encontro. Outros cães, vendo-o correr, seguem-no. Depois de muito perseguir o cão, desistem, pois não viram a lebre. Caros irmãos e irmãs, assim também é a vida religiosa: sem o encontro com Cristo, como afirmou o P. Ángel Artime, que nos leva à admiração e ao fascínio e, por conseguinte, à amizade com o Mestre, “antes ou depois, buscaremos outra coisa, que nos recompense mais” (cf. ARTIME, 2018, p. 52).
Lema bíblico
“Vimos o Senhor” (Jo 20, 25). É páscoa. Os discípulos, desanimados com a morte do Messias esperado e com medo dos judeus, reúnem-se com as portas fechadas, apesar disso, o Senhor entra e os saúda: “a paz esteja convosco” (Jo 20, 19). Tomé não estava entre os discípulos quando o Senhor apareceu-lhes. Ao retornar à comunidade, os outros discípulos dizem-lhe: “Vimos o Senhor” (Jo 20, 25). O momento é oposto àquele da paixão e morte de Cristo: o medo dá lugar à alegria do anúncio pascal – Jesus está vivo, nós mesmos O vimos e, por isso, O anunciamos. A alegria é fruto do Espírito (Gl 5, 22). “Onde há os consagrados, há alegria”, afirmou o Papa Francisco. No dia da vida religiosa, convém recordarmos deste convite do Papa. Queridos irmãos e irmãs, da ressurreição de Cristo brota a alegria dos consagrados, chamados a anunciar ao mundo que aquele que morreu, está vivo e nos vivifica com o dom de sua vida divina. Os jovens são destinatários desse anúncio salvífico. O anúncio do evangelho deve levar os jovens ao encontro íntimo e pessoal com o Senhor. “Senhor, que eu veja” (Lc 18, 41) é a prece de muitos jovens de olhos vendados pela cultura do medo, que os fecha em si mesmos. “Ver” é antes reconhecer nos sinais aparentes, o sinal perene da presença de Deus. É o coração que arde (Lc 24, 32), o temor que nos lança no mar (Jo 21, 7), é o grito apaixonado de quem reconhece no faminto de pão a presença do ressuscitado (Jo 21, 7) que nos alimenta com o alimento que não perece. Ver é antes tocar as marcas, as feridas muitas vezes ainda abertas, de tantos jovens que nos pedem um pão que os alimente e que os sustente na caminhada para Deus. Os jovens têm fome de Deus. “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14, 16) é o eco do convite insistente de Jesus aos discípulos de ontem e de hoje. O melhor e mais substancioso alimento que podemos oferecer a eles é Jesus, nosso Senhor.
Também os jovens, agentes e destinatários do Evangelho, alimentam e sustentam a nossa fé e a nossa vocação. No ícone belamente escrito com a finalidade de exprimir a página evangélica, segundo a qual o discípulo revela a Tomé que o Senhor está ressuscitado, é um jovem discípulo que anuncia a presença do ressuscitado à comunidade. É ele quem se antecipa à pouca fé de Tomé, quem rompe as portas do medo para anunciar a presença daquele, cuja ressurreição tirara a comunidade da inércia do medo que a paralisava. Os jovens, como nos revelou o P. Pascual Chávez, são “a nossa sarça ardente” (CHÁVEZ, 2014, n. 52), o lugar teológico, que hoje igualmente nos tira do comodismo de uma fé tímida.
Agradecimentos
Agradeço a Deus, que com misericórdia, chamou-me para O seguir mais de perto. A fé no chamado de Deus e a convicção de que o Senhor não desampara aqueles que chama, trouxeram-me até aqui. Obrigado por confiar tão precioso dom à minha fraqueza.
A experiência de Tomé é muito próxima da nossa experiência de fé. Cremos a partir da experiência de fé dos outros. “Ninguém crê sozinho” (CIgC. n. 166). Se não se pode crer sozinho, muito menos pode-se responder ao chamado de Deus sozinho. É importante notar que o verbo “ver” está no plural, “Vimos o Senhor”, isto é, a escuta da vontade de Deus não é uma tarefa solitária e feita de uma só vez. Ela exige esforços comuns no sentido de distinguir, entre tantas vozes, a conhecida voz do pastor que nos chama “vem e segue-me” (Mt 19, 21). Neste sentido, quero fazer um agradecimento especial à Inspetoria Salesiana São Luís Gonzaga, na pessoa do P. Inácio Vieira, inspetor e amigo. Na oportunidade, desejo-lhe um fecundo ministério à frente de nossa Inspetoria. Conte com minhas orações, estima e obediência religiosa. Expresso também meu agradecimento ao P. Nivaldo Pessinatti, que acompanhou-me ao longo destes anos de consagração, enfim, obrigado pelos diversos instrumentos colocados à minha disposição a fim de que eu escutasse e respondesse com maior consciência e generosidade à vontade de Deus. Agradeço, em especial, os formadores (P. Leoni do Nascimento, P. Cleyton Coutinho, P. César Teixeira, P. Éneas Araújo, P. José Gomes – in memoriam; P. Rondon de Andrade – in memoriam, P. Carlos Júnior, P. José Sianko, P. Jhonantan Loureiro, P. Maurício Lima, Ir. Manoel Messias, Sharlon Lucena, P. Ilmário Pinheiro e P. Eliano Bezerra), assim como agradeço às inspetorias de São Pio X, de Porto Alegre, na pessoa do P. Gilson da Silva e da Sra. Sandra Santos, leiga colaboradora em nossa missão comum, e Nossa Senhora Auxiliadora, de São Paulo, na pessoa dos padres Justo Piccinini, inspetor e dos irmãos Felipe Olsen e Lucas Rodrigues, salesianos de São Paulo, com os quais neste último ano partilhei a missão aos finais de semana em Itaquera, também representada por Alê, Artur, Suely e família e Vinicius, pelas significativas experiências formativas nas etapas do noviciado, pós-noviciado, tirocínio e teologia. Obrigado pelo apoio e acompanhamento. Deus os abençoe sempre.
Neste mesmo sentido, agradeço aos meus pais, Maria Das Dores e Antônio Francisco, grandes educadores da fé e incentivadores de minha vocação. Obrigado por compreender minhas razões e me apoiar na decisão de partir em busca da felicidade. Não poucas vezes, apesar da distância, senti o carinho e a proteção de suas orações. Deus os abençoe e os recompense em sua bondade.
Agradeço também a tantos outros homens e mulheres, vivos e falecidos, que rezam pela minha vocação. Obrigado por confiar e apoiar os meus passos no caminho de seguimento de Cristo. Na pessoa do P. Davi Gonçalves, grande amigo e irmão, agradeço a minha Paróquia de Nossa Senhora da Luz. Obrigado por me ajudar nos primeiros passos da fé. Que ela, mãe da Luz, a quem não poucas vezes recorri nestes anos todos de formação, e cuja providência quis que minha profissão perpétua coincidisse com o dia em que na igreja se faz memória da apresentação por Maria e José, de seu filho, Jesus Cristo, luz do mundo, que ela seja para mim modelo de discipulado.
Agradeço também a todos aqueles que contribuíram na organização, condução e beleza desta celebração, especialmente os meus queridos irmãos salesianos: S. César, S. Francisco, S. Giovani, S. Jeckson, S. Jhonantan, S. João Vitor, S. José Neto, S. Pedro Henrique, S. Ronyelli Andrade, S. Stepheson e S. Vinicius. Vocês têm um lugar especial no meu coração. Deus os abençoe e os torne firmes na fé e fiéis aos propósitos que assumiram no dia de sua consagração. Na sua pessoa, cumprimento todos os outros irmãos e amigos que igualmente contribuíram com esta celebração.
Enfim, agradeço a todos vocês que, presencial ou virtualmente, dividiram comigo a alegria da consagração definitiva a Deus. Deus os abençoe abundantemente. Nas suas orações, rezem por mim.
“Mostrai-nos Jesus” é a prece que elevo a Nossa Senhora. Que ela, aurora da salvação, conduza os nossos passos à luz que não tem ocaso, Jesus Cristo, nosso Senhor. Com o canto da Salve Rainha, expresso minha devoção e meu amor filial a mãe de Jesus.
Jaboatão dos Guararapes-PE, 02 de fevereiro,
festa litúrgica da Apresentação do Senhor, de 2022.
Leandro Francisco da Silva, SDB
[1] BENTO XVI. Regina Caeli. Disponível em: https://www.vatican.va/content/Benedict-xvi/pt/angelus/2012/documents/hf_ben-xvi_reg_20120415.html. Acesso em: 27 de set. de 2021.