CAUSOS SALESIANOS | MULTA NO BEBEDOURO

CAUSOS SALESIANOS | MULTA NO BEBEDOURO
7 de maio de 2021 Por pauloNarrativa de Ir. Robério Ramos
Nos momentos da recreação, os grupos gostavam sempre de estar juntos fazendo os comentários ou apreciações, quando não “tesouravam” alguma pobre vitima “indefesa”. Sem dúvida alguma que é legal o encontro. Numa das áreas da parte superior do pátio do colégio (Colégio Salesiano de Juazeiro do Norte), ao lado da quadra antiga, um bebedouro dessedentava a todos, máxime os que praticando esporte corriam à fonte “redentora”. Era uma espécie de coxo, feito, melhor dizendo, revestido de uma cerâmica colorida, de tamanho médio.
Os bicos de onde jorravam o precioso líquido muitas vezes estavam entupidos e a clientela desentupia os ditos cujos com a própria boca… Outros viriam após, na mesma maneira… Mas voltemos ao princípio. O local era ameno sob as galhas frondosas das amendoeiras. Muitos se sentavam nas bordas das cerâmicas e, num papo gostoso vedavam espaço para os outros bebericarem.
Para acabar com o caso, o Pe. José Dantas, ecônomo da casa e que na época se chamava padre prefeito, baixou não sei se uma portaria ou mesmo um AI-6 ou 7 proibindo terminantemente os usuários sentar-se no bebedouro. Descumprir tal medida, que não era provisória, era desafiar a autoridade… sujeito a levar uma reprimenda tamanho família; o castigo de quem desobedecesse, além do carão, pagaria a soma de 50 centavos de cruzeiro. Até que o edital pegou bem. Afinal, não era fácil alguém guardar no bolso a moedinha salvadora da pena.
Em certa ocasião, Dilsinho, aluno bastante conhecido pelos desmantelos praticados, numa discussão acirrada defendendo o Guarani (time da cidade), teve a feliz, melhor dizendo, a infeliz ideia de sentar-se no bebedouro fatídico. E eis que aparece, de surpresa, o padre Dantas. Os colegas não tiveram tempo de avisar.
Pe. Dantas foi logo dizendo com a sua tonalidade própria de vociferador: – Levante-se, seu mocinho, e me pague cinqüenta centavos. Dilsinho tremendo mais que caniço soprado pelo vento, meteu a mão no bolso e tirou uma nota de um cruzeiro e entregou ao Padre Dantas pedindo mil desculpas. – Não tenho troco, disse o Pe. Dantas. Dilsinho artisticamente sentou-se.
Foi o fim. Pe. Dantas desceu a serra sentindo-se desrespeitado “ao vivo”. – Levante-se, seu mocinho, está me desafiando? Com o trejeito próprio de quem é malandro, desculpou-se: – Não, nada disso, Pe. Dantas. Uma sentada vale a metade de um cruzeiro, a outra sentada vale o cruzeiro inteiro. tome a nota… A turma quis estourar de rir. Mas… quem se atreveria? O padre Dantas, com o sorriso entre os dentes por causa da esperteza do Dilsinho devolveu o dinheiro e, a passos largos, saiu para o seu gabinete.