SALESIANIDADE | DOM LUSTOSA, MISSIONÁRIO NA AMAZÔNIA

SALESIANIDADE | DOM LUSTOSA, MISSIONÁRIO NA AMAZÔNIA
22 de abril de 2020 Por pauloDom Antônio de Almeida Lustosa foi generoso no seu ministério episcopal à Igreja. Serviu à Igreja como Bispo de Corumbá/MT, Uberabá/MG e Arcebispo de Belém/PA e finalmente de Fortaleza/CE.
Em Belém, do Pará, esteve governando a Arquidiocese por bem dez anos, de 1931 a 1941. Belém, com a sua realidade amazônica, era terra de exigências particulares, sobretudo pelas longas distâncias que o Pastor diocesano deveria percorrer para alcançar o seu rebanho.
As viagens de barco eram uma constante no apostolado dos sacerdotes e missionários da Amazônia. A chamada “desobriga” consistia na visita de barco ou lancha que o sacerdote fazia às comunidades ribeirinhas, no interior dos rios e florestas, comunidades na grande maioria desprovidas de atendimento sacerdotal fixo. Em uma dessas visitas pastorais de Dom Lustosa, pelo caudaloso rio Guamá, acompanhado pelo salesiano Padre Virgílio Agnoletto, os dois chegando a uma comunidade ribeirinha anunciaram que em breve iriam celebrar a Santa Missa. Enquanto o povo se preparava, tanto P. Virgínio quanto Dom Lustosa se puseram a confessar debaixo das árvores, próximo a capela do povoado. Sentado numa lata, P. Virgínio começou a se incomodar, quando viu formigas saúvas passando pelos seus pés, foi quando notou que Dom Lustosa estava por sua vez, sentado sobre um formigueiro, com as saúvas saindo aos montes e o Servo de Deus sem reclamar de nada.
Uma das características de Dom Lustosa em suas viagens apostólicas era anotar tudo o que via e ouvia de interessante sobre os lugares, a natureza, o modo de viver e agir do povo. Portanto, trazia sempre no bolso da batina um bloquinho com um lápis para tomar nota de suas experiências. Dessas notícias e observações recolhidas, fazia questão de publicar ou usar em suas catequeses e ilustrações em suas homilias para todos os fiéis. Notava-se no Servo de Deus o desejo de encarnar-se na realidade do seu povo, reconhecendo as “sementes do Verbo” já presentes no coração do povo amazônida. Nas visitas pastorais aos povoados simples dos pescadores paraenses, comia com alegria e simplicidade da mesma comida que o povo humilde lhe servia. Mostrava-se sempre acolhedor e paciente em escutar a todos. Diziam os salesianos que o acompanhavam: Era aquele mesmo carisma de Dom Bosco, que com uma palavra delicada ao pé do ouvido depositava consolo, esperança e conversão em tantos que o ouviam.
Após as celebrações da Santa Missa, Dom Lustosa gostava de se entreter com as crianças. Perguntava como estavam se comportando, se iam ao catecismo e se faziam suas orações. Como diziam as Constituições Salesianas, era sinal e portador do amor de Deus aos jovens.
Num belo testemunho, Dom João Resende Costa, salesiano, que foi Arcebispo de Belo Horizonte, conta que na ocasião de uma Visita Ad Limina (Visita Canônica que todo Bispo deve fazer ao Papa regularmente), quando ainda era estudante de teologia, em Roma, ele foi encarregado de acompanhar Dom Lustosa em algumas visitas que devia fazer. O jovem seminarista testemunha assim:
“Fiquei edificado com todo o seu modo de ser. Era a piedade, a bondade, a humildade. Era a dignidade sem afetação, a competência sem exibição. Nunca se prevaleceu de seu valor, mantendo em toda parte uma atitude de modéstia e de simplicidade”.
Nos dez anos de seu governo à frente do Arcebispado de Belém, ele visitou todo o território da Arquidiocese, apesar das grandes dificuldades de acesso e grande extensão territorial. A partir de setembro de 1932, Dom Lustosa passou a publicar no periódico católico “A Palavra”, suas crônicas relativas às visitas pastorais. Esta coluna terá o nome de “À Margem da Visita Pastoral”. De sua pena saíram ainda muitos outros livros, entre os quais uma biografia de Dom Macedo Costa, Bispo do Pará.
Dentre as muitas realizações de Dom Antônio Lustosa em Belém, destacam-se a reabertura do Seminário Nossa Senhora da Conceição, confiado à administração dos Salesianos; criação de diversas paróquias; instalação de comunidades religiosas dos Padres da Santa Cruz, das Irmãs Filhas de Maria Auxiliadora, das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, das Irmãs Franciscanas Capuchinhas, das Angélicas de São Paulo e das Irmãs de Nossa Senhora da Anunciação.
No dia 19 de julho de 1941, por ordem do Papa Pio XII, Dom Lustosa é transferido para a Arquidiocese de Fortaleza, Ceará.
Por Pe. Sérgio Lúcio Alho da Costa, sdb
Colaborador e Promotor no Brasil da causa da canonização de Dom Antonio Lustosa