SANTIDADE SALESIANA | DOM ANTÔNIO LUSTOSA, HERÓICO ATÉ O FIM

SANTIDADE SALESIANA | DOM ANTÔNIO LUSTOSA, HERÓICO ATÉ O FIM
17 de março de 2020 Por pauloAno de 1963. Cumprido o tempo canônico de seu ministério episcopal à frente da Arquidiocese de Fortaleza/CE, Dom Antônio de Almeida Lustosa pede para retornar ao seio da Congregação dos Salesianos de Dom Bosco.
Ele, que teria possibilidade de escolher outros lugares para a sua aposentadoria, como Minas Gerais com os seus parentes, resolveu ficar no Nordeste, mas precisamente em Carpina, Pernambuco, no ambiente simples e pobre do Aspirantado Salesiano, como um dos irmãos da comunidade, sem privilégios, paticipando com simplicidade e assiduidade dos compromissos da vida comunitária.
Padre Tiago Gallo, sdb, atesta: “Sua piedade cotidiana manifestava-se particularmente na devota celebração da Santa Missa, precedida pela preparação e seguida de prolongada ação de graças. Durante o dia, era comum ver Dom Lustosa visitando por várias vezes o Santíssimo Sacramento no coro da Capela, que ficava na proximidade do seu quarto”.
Espiritualidade que tinha uma fonte: Jesus Eucarístico. Alimentava-se do Senhor e dava o testemunho que era da Eucaristia que nutria as forças para perseverar.
As condições de saúde do Servo de Deus, nos últimos anos de sua vida, apresentavam dificuldades e os achaques da idade avançada. Sofria de fortes dores de cabeça, causadas pelo mau funcionamento do estômago e intestinos. O apetite comumente lhe fugia. Alimentava-se mal. Outra limitação que lhe causava sofrimento era a fraqueza da vista. Devia usar lupas para ler. Em 1968, numa noite, saindo do refeitório, levou uma queda e quebrou o fêmur. Foi operado, mas não recuperou a capacidade de andar, passando os últimos anos numa cadeira de rodas. Diante de todas essa enfermidades e provações, Dom Lustosa demonstrou sempre grande paciência e aceitação consciente.
Mesmo com as limitações da saúde e da idade continuou a servir.
Com a licença do Arcebispo de Fortaleza, Dom José de Medeiros Delgado, continuou a assistir e orientar espiritualmente as Irmãs Josefinas. Com zelo, atendia diariamente as Confissões sacramentais dos aspirantes, salesianos, padres diocesanos e o povo em geral que o procurava. Quando ainda andava, não negava-se a fazer conferências e palestras onde era chamado. Celebrava com alegria a Eucaristia para as capelas mais pobres da periferia.
Já nos últimos anos, mesmo com a visão muito fraca, não deixava de responder às cartas recebidas, e sempre encontrava aspirantes ou salesianos que lhe faziam leituras várias. Quando já não podia celebrar pessoalmente a Eucaristia, recebia com profunda devoção a comunhão eucarística. Repetia sempre: “O segredo para ser feliz é querer o que Deus quer e não querer o que Deus não quer”.
A humildade do Servo de Deus manifestava-se não só na aceitação dos limites da saúde e da idade, mas também no modo de viver e de falar. No seu quarto, a pobreza de seu guarda-roupas com ítens pessoais. Seus livros e cadernos de anotações. Não falava de suas grandes realizações como religioso, nem como bispo que foi de Uberaba, Corumbá, Belém e Fortaleza. Quando perguntado, limitava-se a esboçar um leve sorriso e já mudava de assunto. Quando por vezes recebia algum cheque de doação, imediatamente o endossava e pedia para entregarem ao Diretor da comunidade.
Foram onze anos vividos com amor, testemunho religioso e consagrado em Carpina. No dia 14 de agosto de 1974, vem a falecer, cercado por seus irmãos da Congregação dos filhos de Dom Bosco.
Segundo Monsenhor Landim, que o visitava frequentemente, suas últimas palavras foram: “Pronto, Senhor, pronto! Maria Auxiliadora, às ordens!”
No dia 11 de fevereiro de 1992, foi oficialmente inaugurado o processo em prol da canonização do Servo de Deus, Dom Antônio de Almeida Lustosa.
Pe. Sérgio Lúcio Alho da Costa, sdb
Promotor e Colaborador da Causa de Dom Antônio Lustosa no Brasil