Testemunho Vocacional do Salesiano Raimundo Luan (Juazeiro do Norte – CE)

Testemunho Vocacional do Salesiano Raimundo Luan (Juazeiro do Norte – CE)
3 de dezembro de 2019 Por pauloChamo-me Raimundo Luan, sou natural de Juazeiro do Norte – CE. Cresci dentro de uma família católica praticante. Toda a minha vida eclesial foi na Paróquia Sagrado Coração de Jesus, guiada pelos Salesianos de Dom Bosco. Minha história como cristão, aliás, começa com um salesiano, Pe. César Casetta, que me batizou. Mas minha admiração pelo santo dos jovens nasceu e foi fortalecida em um centro de Salesianos Cooperadores, o Centro Comunitário Pe. Cícero (CCPC), que faz parte da vida de toda a minha família. No Centro Comunitário, eu participei de diversas atividades educativas e religiosas que tinham como base a espiritualidade salesiana. Falavam tanto de Dom Bosco para mim que eu, na inocência infantil que tinha, sonhava em conhecê-lo, pois acreditava que ele estivesse vivo. Depois que eu entendi de quem se tratava, eu me tornei um forte devoto de Dom Bosco.
Também minha educação básica foi perpassada pela religião. Estudei durante os ensinos fundamental I e II em dois colégios católicos da região: Educandário Carinho da Mamãe, cujos gestores são grandes admiradores do carisma salesiano; e Colégio São Francisco de Assis, dos Franciscanos Capuchinhos, onde cursei a 8ª série (9º ano nos termos atuais).
Aos 8 anos, recebi a Primeira Eucaristia das mãos do querido, já falecido, Pe. Luís Sampaio do Rego, salesiano que me acompanhou desde muito pequeno em minha vida de fé. Pe. Luís tinha a paciência de me receber dentro do confessionário só para ouvir minhas traquinagens de criança, desde antes de eu ter idade para fazer a catequese. Como eu o admirava!
Fui catequista dos 9 aos 14 anos. Quando comecei o Ensino Médio, deixei de ser catequista para me preparar para o Sacramento da Crisma. Essa preparação também ocorreu em uma casa salesiana, sendo que agora no Colégio Salesiano São João Bosco de Juazeiro do Norte. Com aproximadamente 16 anos, recebi a Crisma pelas mãos de Dom Fernando Panico.
Nesse tempo, a vocação ao sacerdócio parecia ser algo da cabeça infantil de um menino de 6 anos, tendo ficado no passado. Meu foco agora era passar no vestibular de medicina, objetivo que me levou a um grande empenho de estudos durante o final do Ensino Fundamental II e toda o período do Ensino Médio. Não sabia eu que algo ocorreria e eu mudaria totalmente meu projeto de vida.
Fiz o Ensino Médio no Centro Federal de Educação Tecnológica do Ceará (CEFET – CE). Lá eu me apaixonei pelas ciências e conheci pessoas magníficas, entre elas Marília Barbosa, uma grande amiga, que tem um valor especial na minha história vocacional.
No segundo ano do Ensino Médio, Marília me levou para conhecer o grupo de oração da Comunidade Católica Shalom de Juazeiro do Norte. Fui para lá e gostei muito. Envolvi-me com a obra de evangelização da Comunidade Shalom e potencializei ainda mais a minha vida de oração. Nesse contexto, o chamado à vida consagrada voltou. Um dia, conversando em uma roda de amigos, expus a vontade de ser diácono permanente, pois poderia servir a Deus na Igreja e ser pai. Nesse momento, em coro, todos disseram “Por que você não vai logo ser padre?”. Assustado com aquela pergunta feita em uníssono, sem ensaio, eu respondi “Por que não?” E aquilo ficou em minha mente.
Assim, tendo em vista uma possível vocação à vida consagrada, procurei os salesianos, ao mesmo tempo que era acompanhado pelos membros da Shalom. Fiquei em acompanhamento vocacional por um ano e meio, sendo orientado pelo Pe. Antônio Gomes, salesiano, e por Ronaldo, membro do Shalom, para que eu pudesse discernir qual o chamado que Deus me fazia. Ao mesmo tempo, não deixei de estudar com afinco para tirar boa nota no ENEM e entrar em medicina.
Depois de um ano de acompanhamento, Dom Bosco, Domingos Sávio e minha história de vida com os salesianos falaram mais alto. Afastei-me da Comunidade Shalom, da qual ainda nutro grande gratidão, e continuei meu acompanhamento com os salesianos. Quando falei para minha família o meu novo projeto de vida, alguns ficaram felizes, mas outros disseram que era uma fuga e que eu estava com medo de não entrar na faculdade de medicina. Uma dessas pessoas que não ficou muito feliz com a mudança de meu projeto de vida foi meu pai, pois ele sempre me imaginou médico, até porque era essa carreira que eu afirmava perseguir.
Não liguei para as críticas. Na verdade, para refutar quem duvidava de minha reta intenção, fiz o ENEM e tirei nota suficiente para entrar em medicina. Claro que eu não lancei a nota no sistema para não ocupar a vaga de alguém que realmente quisesse cursar medicina. O que fiz foi comparar minha nota com a dos meus outros colegas que naquele ano haviam conseguido entrar no curso de medicina das faculdades públicas e vi que a minha nota era suficiente para também entrar, assim derrubando os argumentos de quem falava que eu estava fugindo do vestibular.
Feitos todos os acompanhamentos prévios e preparativos, após o estágio vocacional em Fortaleza e o Retiro em Jaboatão, fui encaminhado para o Aspirantado Salesiano de Natal. Esse foi o primeiro passo de uma longa e árdua caminhada vocacional: Aspirantado (Natal/RN), Pré-noviciado (Colônia – Jaboatão/PE), Noviciado (Curitiba/PR), Pós-Noviciado (Recife/PE), Assistência (Carpina/PE e Areia Branca/RN) e Teologia (Instituto Pio XI em SP).
Atualmente, muito feliz e realizado por ser salesiano, estou cursando o quarto semestre de Teologia. Preparo-me para realizar a Profissão Perpétua como Salesiano de Dom Bosco em janeiro de 2020. Peço sempre a Deus força e iluminação para ser coerente com a minha vocação. A você que hoje lê esse testemunho vocacional, aconselho que peça sempre a Deus um acertado discernimento vocacional para sua vida. Já diz a máxima cristã: “Vocação acertada é vida feliz.” Reze por mim!